Quando se escuta pelos quatro cantos comentários unos sobre certo assunto, geralmente entendemos ser uma opinião definitiva ou, no mínimo, mais usual. Sobre o tal do ser jornalista, aquele profissional da comunicação que vemos pela TV (ou não), todos dizem a mim: “coitado, não vai ganhar dinheiro!”
Escolhi a profissão de comunicador (ou ela me escolheu, não sei bem) pelo simples fato de perceber que sê-lo já é tão distante do comum quanto meus próprios gostos e atitudes pessoais. Tenho harmonia com o ser diferente, e isso implica dizer que ser jornalista é ser “diferente”.
Diferente, desigual, díspar. Isso quer dizer o que? Que William Bonner foi, de repente, o único jornalista brasileiro escalado para fazer a cobertura do casamento do príncipe William e eu tenho que me espelhar nele? Não. Alias, também, porque ser diferente é pensar diferente, ser um profissional reflexivo, com a responsabilidade de visualizar um fato e repassar para milhares de outras pessoas de forma a fazer com que o entendam.
As pessoas me perguntam se não seria melhor desistir de cursar comunicação na UESPI já que o curso está fadado a se perder, devido ao Governo do Piauí não dar subsídios financeiros suficientes para toda a estruturação, tanto patrimonial quanto funcional, da instituição. Mas isso é coisa de lutador, tem a ver com o tal do ser jornalista.
Correr, deixar de dormir, estar atento, comprometer-se com a profissão em qualquer situação, aperfeiçoar-se incansavelmente, ser um eterno caçador de bons frutos. Isso é ser jornalista. Isso é ser um profissional, aliás qualquer profissional em qualquer área é assim, não é mesmo? Não incluo aqui aqueles seres que vão para shows com crachá de imprensa apenas com a intenção de entrar de graça: a questão é noticiar, o bônus vem com o trabalho. Ser jornalista não é estar acima de ninguém (embora não estando abaixo).
Então volto a lembrar-me do caso do dinheiro. Dizem que passar para jornalismo é assinar sentença de pobreza. Besteira! Preguiçosos assinam a sentença – eu não. Só é pobre quem fica acomodado no seu canto pensando que “o acaso vai proteger”.
Ser jornalista é difícil, sim, principalmente quando você é verde no mercado e os “chefões” vivem te testando para ver se é capaz de fazer o trabalho dele e de mais três colegas, simultaneamente, claro. Ser jornalista é ser capaz disso e de mais, apesar de que estes abutres capitalistas fazem isso só pra te sacanear, mas quando você já tem renome a coisa fica mais maleável.
Lembrando, ainda, que existem as classes de jornalistas: os de rádio, os de impresso, de internet e, os mais bem vistos, os de TV. Quando comentei sobre os comunicadores que vemos pela TV quis evidenciar, na verdade, os tantos outros que são menos lembrados. Todos correm muito, trabalham muito, cansam-se muito, mas não é de se assustar que todos ganham benefícios na profissão (uns com mais outros com menos, mas todos ganham). E tudo isso me faz ver que ser jornalista é bom. Vale à pena receber o canudo no fim do curso mesmo com gente dizendo que eu seria pobre. Bobagem.



Abril de 2011.
Texto escrito para trabalho de Teoria da Comunicação I, no curso de Jornalismo.

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