Um dia desses estive conversando com um amigo sobre os desenhos de hoje. O “Ben 10”, por exemplo, meu irmãozinho de 7 anos é um dos seus maiores fãs (acredito), e em todo lugar podemos ver toalhas, mochilas, chinelos, chaveiros, brinquedos, tudo com esse desenho animado.
Perguntei ao meu amigo o porquê de tanto alarde por ele. No meu tempo era “Dragon Ball” – e eu achava muito mais instigante. Ele me disse que é por causa dos tempos que mudam: nossos pais, por exemplo, consideravam Dragon Ball qualquer coisa menor comparando com os desenhos (na verdade histórias em quadrinhos) do tempo deles.
É verdade, os tempos mudam. Mas é bom ver que ainda tem gente querendo preservar o que já passou. Um bom modelo disto foi o evento que ocorreu nos dias 16, 17 e 18 de julho, o I Encontro da Velha Guarda de Caxias, que reuniu vários caxienses amigos de todos os lugares do Brasil, que há décadas não se viam.
O passado se misturou ao presente, e o presente far-se-á futuro ainda, pois já está programado um evento seguinte daqui a dois anos.
Vejo que os jovens, atualmente, não prezam tanto pela conservação. Tudo é muito rápido, muito instantâneo. Os colegas não conhecem mais os outros colegas de turma, sabem somente superficialmente o mínimo de cada um – e muitas vezes nem dos nomes se lembram ao sair da escola. Nos tempos dos meus pais e tios, os colegas se preocupavam com cada um, se conheciam, sabiam dos pais, dos irmãos, da família.
Numa roda de conversa com parentes que se hospedaram em minha casa para o encontro da velha guarda, fui percebendo quantos valores de anteriormente foram se perdendo com a rapidez das novas tecnologias. Professores que passavam anos educando gerações de alunos, hoje em dia passam 2 ou 3 anos na sala de aula, depois são transferidos para outra escola, e após, para mais outra, e assim, sucessivamente. Não há mais tempo para aquele apego ao porteiro do cinema, ou àquele pastel da esquina, porque até isso muda rápido.
Temos que ser perseverantes em lembrar do que fomos, mesmo com tudo mudando tão rápido. O presente é para ser guardado e não simplesmente passado em vão, sem memórias, sem pontos de recordação. “O que fomos” é o que desenvolve “o que seremos”, e é o que nos dá aporte para tanto.


Julho de 2010.
Texto opinativo veiculado no Jornal Folha do Leste.
Por Junior Alencar Magrafil.

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